quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Turno Conversacional (por Maria do Rosário Rocha Caxangá)

Turno conversacional, conforme proposto por, Marcuschi (2007) é “aquilo que um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo aí a possibilidade do silêncio” e constitui-se como “uma das unidades centrais da organização conversacional” (idem). Ou seja é a forma coordenada entre os interlocutores pela qual há a alternância de tomadas de palavras.
A tomada de turno rege-se por alguns esquemas preestabelecidos, porém negociados durante a conversação. Geralmente a interação verbal dialogada ocorre com perguntas e respostas, ou seja, por meio de pares adjacentes, que segundo Schegloff (1968), sequência em movimentos coordenados e cooperativos; sequências de dois turnos que coocorrem e servem para a organização local da conversação.
Para que os pares adjacentes aconteçam de forma cooperativa é necessário que os interactantes partilhem um mínimo de conhecimentos comuns, tais como: aptidão linguística; envolvimento cultural e domínio de situações sociais.
Os pares adjacentes mais comuns são:
Pergunta-resposta
Ordem-execução
Convite-aceitação/recusa
Cumprimento-cumprimento
Xingamento-defesa/revide
Acusação-defesa/justificativa
Pedido de desculpa-perdão
Existem relações estruturais e linguísticas entre a organização da conversação em turnos e a ligação interna em unidades constitutivas de turno.
Os marcadores podem ser de três tipos: verbais, não-verbais e supra-segmentais.
A coerência na conversação não ocorre da mesma forma em que no texto escrito. A perspectiva do desenvolvimento é múltipla e cada turno pode colocar uma reorientação, mudança ou quebra de ponto de vista em curso; a repetição de conteúdos por parte de vários falantes não é redundante e a contradição pode ter dois aspectos: se o falante se contradiz a si próprio ou a seu parceiro.
Um conceito importante no entendimento de turnos conversacionais é de Unidade Discursiva – UD – que segundo Castilho, é um segmento do texto caracterizado semanticamente por preservar a coerência temática da unidade maior e, formalmente, por se compor de um núcleo e duas margens. A UD está para a língua falada, assim como o parágrafo está para a língua escrita. Assim como o texto não é organizado apenas com as informações novas, o tópico conversacional é composto de informações novas e informações já conhecidas para a organização do tema. Na organização dos turnos, algumas UDs são relevantes apenas do ponto de vista interacional, ou seja, não têm o papel informativo para o tópico. Neste caso, podemos postular que há uma hierarquia tópica no discurso. O tópico conversacional não se confunde com um turno, ou seja um mesmo tópico pode ser desenvolvido em vários turnos conversacionais.(Castilho, 2004).

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